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Projeto Ayllu

Projeto Solidário Missionário - Promoção e Desenvolvimento Social

Projeto Ayllu

Projeto Solidário Missionário - Promoção e Desenvolvimento Social

Missão não é experiência, é VIDA

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Talvez a consciência que temos de nós próprios aqui diminuiu dada a grandeza do mundo ao qual te sentes chamado. Talvez a pouco e pouco nos fomos desapegando das coisas para nos apegarmos ao mundo, às pessoas, ao amor. Já não temos coisas. Já nada é nosso. Já não há nada que não possa ser dado, ser partilhado com todos os que caminham lado a lado connosco. Há muito que não somos só nós e que tudo o que somos é partilhado não só entre nós mas com o mundo. Somos parte de um todo que só tem sentido assim na partilha demorada dos dias e das vidas que somos e que sabemos ser juntos.

A paisagem traduz em muito a grandiosidade do que nos vai dentro, a grandiosidade dos pequenos milagres dos quais não somos apenas espectadores, somos o grão plantado em terra fértil, somos rega constante de vidas com sentido. Já não somos somente nós, somos mais que a soma das partes. Somos de Deus. Somos seu instrumento, somos as suas mãos, os seus pés e os seus abraços. Somos imperfeitas e feridas num mundo cheio de dor e de sofrimento onde porém com amor ousamos semear o paraíso do amor de Deus.

Em cada amanhecer saímos ao encontro do outro saímos do conforto do que não temos, nem a nós pertence vamos ao encontro do amor. Vamos na esperança que em cada rua ou esquina teremos sempre dois braços prontos a crescer connosco. Não somos nada e na nossa humildade somos o que de mais verdadeiro existe. Não conseguimos enumerar a quantidade de vidas que já cruzaram a nossa nem a quantidade de sorrisos, lágrimas e abraços que partilhamos na simplicidade da soleira da porta. É mesmo assim, o amor é despojado da superficialidade, é integro não tem cor nem raça, é porque é. E nós somos chamados diariamente a deixá-lo ser e crescer.

Damos a vida todos os dias sem horários, sem planos. Damo-nos. Tantas são as vezes em que deixamos os nossos planos porque Deus nos chama através de uma história. Tantas são as vezes em que sentimos que é o próprio Deus quem nos chama à porta através de tantos rostos, histórias e pessoas. Somos disponíveis ao amor que nos bate, que nos chama em cada momento. Somos disponíveis ao apelo de Jesus que sentimos que nos chama diariamente.

Somos terreno em crescente cultivo aberto ao cuidado do outro e aberto à possibilidade de crescer de mãos dadas no caminho de Jesus. Somos cruz carregada em ombros e braços de quem perdido não consegue caminhar. Isso é missão. Aceitar diariamente o convite de Jesus a um estilo de vida menos nosso e mais d’Ele. Não é fácil. Sabemos com a nossa vida que o caminho nada tem de fácil. Mas só assim para nós tem sentido.

Missão é vida, é a nossa vida, são as vidas deles e a vida que sabemos ser e doar no anúncio de um Evangelho vivo em cada um de nós. Somos em cada passo testemunhas de um Jesus que quer habitar na simplicidade dos nossos corações. É no saber-nos família, que cada dia, em cada visita, nos entregamos e somos mais.

A terra é árida e os montes que nos ladeiam são muitas vezes o caminho de muitos para a sua casa. Protegidas pela força imponente do vulcão Misti e Chachani de vara em mão atravessamos os limites do visível e partimos em busca do rosto de Deus nos mais distantes. Subimos e baixamos os montes, percorremos o caminho mais sinuoso. Ultrapassamos os limites físicos do nosso corpo que por vezes pede descanso. Ultrapassamos os nossos limites, certas de que é Ele a nossa força e a nossa vida. Certas que é nossa a missão de o levar e anunciar onde Ele já habita onde já há sementes d’Ele, onde já há Deus onde só falta quem lembre, quem O diga e anuncie. Ultrapassamos as nossas periferias para ir às periferias do mundo e aí ser símbolo de vida, de amor, ser símbolo d’Ele.

Não temos muito. Vivemos simples e humildes entre o povo de Deus. Somos com eles povo de Deus. Na simplicidade e pobreza da vida que levamos habita o tesouro nos vasos de barro de cada um dos nossos corações: o amor de Deus.

É bom, muito bom deixarmo-nos emocionar com todos aqueles que compõem hoje a nossa história. É bom ser apoio e ombro é bom ser lugar de refúgio é bom podermos ser Neuza e Paula em tudo o que somos e partilhar na simplicidade esse dom que é a nossa vida. E ajudar o outro a descobrir o dom da sua. Somos aqueles que nos chegam, somos dos que nos partem, somos dos que vêm e de todos os que deixámos. E passo a passo não descobrimos a missão, somos missão. Somos uma missão que não é nossa mas daqu’Ele que nos envia todos os dias a um amor maior.

Somos duas das mil vidas para a missão de Comboni. Juntas redescobrimos novas Áfricas, novas periferias. Não nos chega o pouco, não nos chega a planície do conforto. Vamos. Juntas vamos para lá dos montes, para lá de nós. Juntas vamos ao encontro das novas periferias, aquelas onde ainda não estamos e que ainda não chegámos. Soubessem vocês, soubéssemos nós quantas Áfricas faltam descobrir, quantas periferias existem sedentas de Deus, do seu amor e desse milagre de Amor que é a Eucaristia. Por isso estamos aqui. Por isso vamos ao encontro do amor fazendo da nossa vida a missão.

Na oração diária descobrimos os caminhos a seguir, descobrirmos a beleza de uma missão sem fim, sem fronteiras, sem limites. Ele é o limite. Na verdade, Ele não tem limites. Caminhamos na certeza de que não estamos sós pois são os seus braços que encontramos a cada amanhecer e fim de dia. Caminhamos na certeza de que chegamos sempre onde Ele nos espera. E ainda que o dia seja longo e muitas sejam as histórias de vida que nos chegam e nos fazem partícipes e muitas vezes sejam as lágrimas o que partilhamos uns com os outros. A resposta é sempre a mesma. Sim, Senhor, estamos aqui, leva-nos onde queres que estejamos. E ainda que a vida nos leve para longe daqui, somos Peru no mesmo amor que nos trouxe aqui e nos faz irmãos até fim.

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do Peru com amor, 
Neuza Francisco & Paula Ascenção

A beleza da missão imperfeita

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 “A grandeza da missão não está em nós, mas n’Aquele que nos envia”

(Pe. Ivo) 

 

Um ano de missão. Quanto tempo cabe neste tempo? Quantas vidas couberam nas nossas vidas? Quantos braços couberam nos nossos braços? Quanta vida demos. Quanta vida recebemos. Deixamos de planear a vida para permitir que a vida nos planeasse, para deixar que Deus nos tocasse e as pessoas nos encontrassem. Deixamo-nos encontrar tal e como somos nas nossas feridas, cicatrizes e imperfeições. Assim somos, assim nos entregámos à missão juntas e imperfeitas. Caminhámos certas que “todos estamos feridos, é por aí que entra a luz” não quisemos nunca ser perfeitas. Pelo contrário deixámos que Deus tocasse na nossa imperfeição e dela fizesse caminho até aos irmãos, agora amigos e vizinhos. Agora a nossa família.

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A beleza de uma missão imperfeita está em nós, reside em nós. A beleza não está no momento instantâneo em que te apercebes que a tua missão és tu mesmo e a tua vida mas sim, na capacidade de fazer caminho contigo e pouco a pouco sem medo e deixando que as tuas feridas, cicatrizes ou fragilidades transpareçam como algo que também constitui o teu ser, algo que faz parte. A missão é assim, um caminho a um, contigo mesmo, a dois, porque tu sabes que foste escolhido por um amor maior, a três tu Deus e o outro, na certeza de que o outro existe para fazer caminho contigo.

Permites-te ser, permites conhecer um pouco mais de ti e deixares-te descascar pouco a pouco, e chegar ao outro sempre pronto a caminhar com ele. E, neste seres tu frágil de mão dada com Deus, chegas ao outro e outro chega-te da forma mais imperfeita e completa. É neste caminho a três que encontramos os outros, os irmãos. Os que agora são a nossa casa e caminham connosco. São eles que de forma imperfeita nos completam, aumentam e acrescentam. É o ser imperfeitos que nos faz encontrar os outros caminhando e crescendo com cada pessoa que cruza o nosso caminho. Desta maneira, missão não é somente ensinar ou aprender mas caminhar e crescer juntos sabendo que a imperfeição das partes forma a perfeição do todo. Assim é a lógica de Deus que nos fez de tal maneira que necessitássemos do outro para amar, ser, viver e ser feliz.

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LMC  Paula e Neuza

Tu, eu e o nós que Deus nos chama a ser

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Foste a comunidade que nunca escolhi mas com a qual sempre desejei fazer caminho, talvez porque, na diferença encontro um pouco mais de mim e no conjunto revelamos um pouco mais de nós.

Contigo aprendi que a missão não se faz só, e o tanto que preciso de ti. Cruzas-te o meu caminho e, ainda que incompreendidamente. abriste  coração e aceitaste-me como companheira de caminho. Sim, no fundo é um caminho o que fazemos todos os dias neste pedaço de terra do outro lado da realidade que ambas conhecíamos.

Foste a mão estendida quando pensei que nada fazia sentido. Percebi, naquela noite quando orávamos juntas e tudo em mim parecia ruir que, não há erros nos planos de Deus para cada uma de nós. Foste e és o suporte quando tudo parece duro e difícil. És palavra que não esconde, olhos que falam, és tu.

Contigo aprendi as dimensões da partilha e da doação, neste triângulo do amor, numa dinâmica entre o eu o tu e o nós.

És muitas vezes os olhos que vêm para lá do que consigo ver. O coração que me escuta, quando preciso de falar. Os abraços que apoiam e suportam. A mão que sempre se faz presente quando no caminho aparecem os obstáculos. Que Deus me ajude a cuidar-te e a saber decifrar a tua presença na minha vida e no nosso caminhar. Deus sabe porque te colocou no meu caminho e agora eu também sei.

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O que juntas conseguimos ser é o que move esta comunidade em busca da missão que Jesus tem para o mundo. Somos silêncio, somos risos muitos, somos críticas e exigência, somos limites e infinito, somos na teimosia das nossas vidas passadas e aprendizagens, somos lágrimas muitas vezes partilhadas entre as minhas lágrimas e o teu ombro ou abraço. Somos oração muitas vezes quando em silêncio olhamos a mesma realidade onde vivemos agora.

Venha quem vier e digam o que disserem, não importa mais. O que verdadeiramente importa é o que nas nossas imperfeições conseguimos ser de Deus.

Somos testemunhas de quem aceita crescer junto. Somos Andrea y Paola (Paula na tua terra natal) as vidas que Deus juntou para caminhar na direcção de um Amor que se aprende diariamente, um amor fruto de falhas, feito de oração, feito de silêncios e muitas vezes olhares que dizem tudo, feito de mãos estendidas e de tarefas partilhadas, de mau humor e teimosias muitas, de perspectivas diferentes e de duas maneiras que se completam de fazer as coisas.

Somos no que cada uma tem de si para dar. Somos no que és e no que me ensinas a ser. Somos no que aprendemos mutuamente. Somos no que sabemos ser-nos. Amor.

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DSC_0415.JPGQuando me soube chamada à missão soube-me chamada a ser comunidade. Nesse caminho soube que Deus me chamava a ser comunidade com a Andrea (como humildemente chamam à Neuza no Peru). Chegar ao Perú foi saber-me num tempo de travessia do deserto. Ainda assim quando cheguei ao Perú soube-me feliz, irremediavelmente feliz e reconheci que a Andrea fazia parte dessa felicidade. Uma felicidade repleta de obstáculos, dificuldades, alegrias e gargalhadas e por isso uma felicidade completa. Quando fui chamada a caminhar com a Andrea soube que Deus tinha e tem algo a ensinar-me através dela. As pessoas são colocadas na nossa vida para nos fazerem crescer, para nos tornarem mais santas, para nos ensinarem a caminhar e aproximar-nos de Deus. Caminhar com a Andrea exige aceitar que vão haver momentos complicados, difíceis mas que mesmo no silêncio ela está sempre lá. Ela vai saber quando acordas a chorar e vai lá abraçar-te e só se volta a deitar quando estiver segura que ficas bem. Ela vai estar lá a olhar-te quando parecer que o mundo te caiu em cima e invariavelmente vai chorar contigo unindo-se à tua dor. Viver com a Andrea é subir e baixar montanhas com dor na barriga de tanto rir. Com a Andrea sei-me capaz de enfrentar os maiores Adamastores que aparecerem no nosso caminho. Com a Andrea não há viagens ou espera de autocarro enfadonhas. Com a Andrea há alegria em cada passo na missão. A Andrea engole cansaço, dor, sofrimento e acompanha-me rua acima e rua abaixo. Com a Andrea encontro Jesus em cada esquina. Viver com ela é uma aprendizagem contínua e um caminho que me proponho a percorrer todos os dias. Sou feliz e confio que somos felizes mesmo nos dias em que estou frágil e tudo parece cinzento tu estás aí sempre desse lado a amar-me tal como sou. Tal como o amor de Deus, ser comunidade com a Andrea não é fácil mas é simples basta saber amar e ser amada. Ser comunidade com a Andrea faz-me continuamente lembrar-me da frase do Papa João Paulo II “Amar é um ato de vontade” porque eu quero amá-la todos os dias em cada passo deste nosso caminho.

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Não é fácil viver em comunidade e partilhar tudo da nossa vida. Mas quando queremos e fazemos com amor e por amor, quando o fazemos sabendo que é Deus quem nos une, quem está no meio de nós, em todos os momentos e a todas as horas então está tudo bem. Ser comunidade é estar disponível a caminhar não em mim nem em ti mas em nós.

Ser comunidade é permanecer unidas nas alegrias e partilhar as cruzes. Ser comunidade é saber dar espaço e abraços de urso. Em comunidade partilhamos o maior dom que Deus nos deu, a nossa vida. Juntas, em comunidade, alegramos uma casa seja ela qual for, rezamos seja lá aonde for, cantamos seja lá aonde for e vivemos em Vila Ecologia na nossa linda casa a que chamamos de lar.

Somos eu e tu, somos Nós.

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Comunidad Ayllu,

Neuza y Paula

Somos muitos passos num só olhar

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São muitas as vezes em que deixamos a nossa casa e nos aventuramos pelos caminhos rugosos e montes de Villa Ecológica. Tantas são as vezes que nesses caminhos encontramos histórias de vida que se compartem na simplicidade da soleira da porta. É na rua que mais gostamos de passar o nosso tempo. Na simplicidade de cada campo conhecemo-nos e partilhamos os valores de uma vida. Cada rosto que chega até nós fala-nos de uma cultura, fala-nos de um povo pelo qual estamos cada vez mais enamoradas. A visita significa muitas vezes a esperança e a alegria do saber que não estamos sós. Deixam-nos muitas vezes entrar nas suas casas e partilham connosco o pão de cada dia. É através de todas as pessoas com quem nos cruzamos todos os dias que sentimos o chamamento à missão.

Missão é um caminhar juntos, é aceitarmo-nos com tudo o que somos e trazemos dentro de um peito carregado de experiências de vida. Percorreremos juntos, muitas vezes em silêncio, o caminho da libertação. Somos todos os dias sinais de uma Páscoa que se constrói a cada dia.

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Crescemos de mãos dadas no Amor d'Aquele que nos chama a ser mais. Crescemos juntos certos de que nunca estamos sós. É aqui que somos chamadas a estar. Junto dos mais pobres. Junto do milagre da vida. E, tal como diz a canção “É Cristo quem te chama, aproxima-se mais a ti. Sorrindo Ele diz-te, vem a Mim. Fecha os olhos já e deixa-te levar. Sim, ele te escolheu a ti e tu deves dizer: “Sim, Senhor. Estou aqui. Estás em mim.”

Como é bom ser vida junto com todas estas famílias que se juntam a nós para viver a plenitude do Projeto Ayllu. É com a ajuda de muitos e também de todos vós que conseguimos ser diferença nesta terra que agora chamamos casa. Somos com eles. Partilhamos das suas lutas e celebramos juntos as suas vitórias. Vivemos juntos estes momentos de grande alegria.

 

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Comunidad Ayllu,

Neuza y Paula

 

Francisco: uma mensagem de Amor

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A vinda do Papa ao Peru não deixou o povo peruano indiferente. A sua proximidade às pessoas tocou os seus corações. Foram muitos os testemunhos de quem o acompanhou presencialmente e através da televisão. A alegria reinou no Peru, assim como ainda vivemos nos dias de hoje sob o signo da esperança deixada por um Papa do povo. Um Papa que se uniu às grandes feridas abertas no Peru apelando a uma mudança que só acontece, se soubermos como irmãos unir as nossas mãos em busca de uma verdadeira casa comum.

Neste caminho de preparação para o sínodo dos jovens, o Papa não partiu sem deixar uma mensagem desafiante de amor e alegria. Lembrou-nos com as suas palavras que os jovens não são o futuro, como tanto se fala, mas sim o presente de um mundo ao qual não devem, nem podem ficar indiferentes.

 

«Estou feliz por me poder encontrar convosco. Para mim, estes encontros são sempre muito importantes, mas mais ainda neste ano em que nos preparamos para o Sínodo sobre os jovens. Os vossos rostos, as vossas aspirações, a vossa vida são importantes para a Igreja: devemos dar-lhes a importância que merecem e ter a coragem que demonstraram muitos jovens desta terra que não tiveram medo de amar e gastar a sua vida por Jesus.

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Queridos amigos, tendes tantos exemplos! Penso em São Martinho de Porres. Nada impediu aquele jovem de realizar os seus sonhos, nada o impediu de gastar a sua vida pelos outros, nada o impediu de amar; e fê-lo porque tinha experimentado que o Senhor o amara primeiro. Assim como era: mulato e a braços com muitas privações. Aos olhos humanos, concretamente dos seus amigos, parecia destinado a «perder», mas ele soube fazer algo que se tornaria o segredo da sua vida: ter confiança. Ter confiança no Senhor que o amava. E sabeis porquê? Porque o Senhor confiara nele primeiro; como confia em cada um de vós e nunca Se cansará de ter confiança. A cada um de nós, o Senhor entrega uma missão qualquer, e a resposta é ter confiança n’Ele. Agora cada um de vós pense no seu coração: Que missão me entregou o Senhor? Que coisa me entregou o Senhor? Cada qual pense: Que missão tenho no meu coração, que me foi entregue pelo Senhor?

Poder-me-íeis dizer: mas há momentos em que se torna muito difícil! Compreendo-vos. Nesses momentos, podem vir pensamentos negativos, sentir que há muitas situações que nos caem em cima e parece que ficamos «fora dos [jogos] mundiais»; parece que nos estão a vencer. Mas não é assim! Mesmo nos momentos em que já tenha chegado a eliminação, devemos continuar a ter confiança.

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Há momentos em que podeis pensar que ficareis sem poder realizar os desejos da vossa vida, os vossos sonhos. Todos passamos por situações como estas. Nesses momentos em que parece apagar-se a fé, não vos esqueçais que Jesus está ao vosso lado. Não vos deis por vencidos, não percais a esperança! Não vos esqueçais dos Santos, que nos acompanham do céu; recorrei a eles, rezai e não vos canseis de pedir a sua intercessão. São os Santos de ontem, mas também os de hoje: esta terra tem muitos, porque é uma terra «cumulada de santidade». O Peru é uma terra «cumulada de santidade». Buscai a ajuda e o conselho de pessoas que sabeis serem boas para vos aconselhar, porque os seus rostos manifestam alegria e paz. Fazei-vos acompanhar por elas e, assim, avançai pelo caminho da vida.

Mas há outra coisa: Jesus quer ver-vos em movimento; quer ver-te levar por diante os teus ideais e que te decidas a seguir as suas instruções. Ele levar-vos-á pelo caminho das Bem-aventuranças: um caminho nada fácil mas apaixonante, é um caminho que não se pode percorrer sozinho, é preciso percorrê-lo em grupo onde cada um pode colaborar com o melhor de si mesmo. Jesus conta contigo, como fez, há muito tempo, com Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São João Macías, São Francisco Solano e muitos outros. E hoje pergunta-te, como a eles: estás disposto, estás disposta a segui-Lo? [respondem: sim!] Hoje, amanhã, estás disposto, estás disposta a segui-Lo? [respondem: sim!] E daqui a uma semana? [respondem: sim!] Não o digas tão seguro, não o digas tão segura de ti. Olhai! Se quereis estar dispostos a segui-Lo, pedi-Lhe que vos prepare o coração para estar dispostos a segui-Lo. É claro? [respondem: sim!]

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Queridos amigos, o Senhor olha-vos com esperança, nunca desanima a nosso respeito. Mas a nós sucede; talvez nos aconteça desanimar a respeito dum amigo, duma amiga, porque nos parecia bom mas, depois, vimos que não era assim tão bom: desanimamos e deixamo-lo de lado. Jesus nunca desanima… nunca. «Mas, padre, se soubesse as coisas que eu faço, digo uma coisa e faço outra, a minha vida não está limpa de todo...». Mas Jesus, apesar de tudo, não desanima a vosso respeito. E agora façamos um pouco de silêncio. Cada qual olhe, no coração, como está a sua vida. Olha-a no coração e constatarás que, em certos momentos, há coisas boas; noutros, há coisas que não são tão boas e, apesar de tudo, Jesus não desanima a vosso respeito. E, no teu coração, diz-Lhe: «Obrigado, Jesus! Obrigado porque vieste para me acompanhar mesmo quando estava numa situação ruim. Obrigado, Jesus!» Digamos-Lho todos juntos: Obrigado, Jesus! [repetem: «Obrigado, Jesus!»].

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É muito belo ver fotos retocadas digitalmente, mas isso serve só para as fotografias, não podemos fazer o «photoshop» aos outros, à realidade, a nós próprios. Os filtros coloridos e a alta definição funcionam bem apenas nos vídeos; nunca podemos aplicá-los aos amigos. Há fotos que são muito lindas, mas estão todas maquilhadas; e deixai que vos diga: o coração não se pode «photoshopear», porque é nele onde se joga o amor verdadeiro; nele joga-se a felicidade. É nele que mostras o que és: como é o teu coração?

Jesus não quer que te «maquilhem» o coração. Ele ama-te assim como és e tem um sonho para realizar com cada um de vós. Não vos esqueçais: Ele não desanima de nós. E se vós desanimardes, convido-vos a pegar na Bíblia e, lendo-a, recordar os amigos que Jesus escolheu, que Deus escolheu: Moisés, era tartamudo; Abraão, um idoso; Jeremias era muito jovem; Zaqueu, pequenito; os discípulos, quando Jesus lhes dizia para rezar, adormeciam; Madalena, uma pecadora pública; Paulo, um perseguidor de cristãos; Pedro renegou-O... Depois foi feito Papa, mas tinha-O renegado. E poderíamos continuar a lista... Jesus gosta de ti assim como és, do mesmo modo que gostou daqueles seus amigos assim como eram, com os seus defeitos. Com vontade de te corrigires, mas, como és, assim te ama o Senhor. Não te deves maquilhar, não maquilhar o teu coração, mas apresenta-te diante de Jesus como és, para que Ele te possa ajudar a progredir na vida.

Quando Jesus nos olha, não pensa quão perfeitos somos, mas em todo o amor que temos no coração para oferecer e para O seguir. Para Ele, esta é a coisa importante, a coisa maior: quanto amor tenho eu no coração? E esta pergunta, quero que a façamos também à nossa Mãe: «Mãe, amada Virgem Maria, olha o amor que tenho no coração. É pouco? É muito? Não sei se é amor». E tende a certeza de que Ela vos acompanhará em todos os momentos da vossa vida, em todas as encruzilhadas dos vossos caminhos, sobretudo quando tiverdes de tomar decisões importantes Não desanimeis, não desanimeis! Avançai, todos juntos! Porque vale a pena viver a existência de fronte erguida. E que Deus vos abençoe!»

Papa Francisco no Peru

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Era Domingo e como fazemos normalmente reunimo-nos com o grupo de Jovens depois da Eucaristia. Vivíamos todos esta graça de nos sabermos longe, mas ainda assim tão perto do representante de Deus na terra. Não tínhamos nada planeado na verdade juntámos em nossa casa com o intuito de fazer uma pequena oração e partilhar o que cada um de nós sentia com esta presença do Papa. Porém, fomos surpreendidos quando ao ligar a televisão assistimos a um dos mais desafiantes discursos do Papa para os jovens. Permanecemos em silêncio. Escutámos uma a uma das palavras proferidas por tão sábia pessoa. Surpreendidos rezámos juntos. Experimentámos em solo peruano um pedaço de céu.

Villa Ecológica (Arequipa), 21 de Janeiro de 2018

Com Maria e José a caminho do Natal

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 A verdadeira alegria nasce do amor. Só quando nos atrevemos a viver por amor permitimos que Deus nasça em nós fazendo do nosso coração o seu presépio. Só quando acreditamos no mistério de Jesus somos verdadeiramente felizes. A alegria brota de um coração que, pouco a pouco, se foi e se vá enamorando por Deus. Reconhecer que Deus existe é ter a certeza que jamais caminhamos sós e a alegria de saber que Ele caminha connosco e transforma diariamente as nossas vidas. O caminho não é tão simples como as palavras que dizemos; é exigente. Exige esforço da nossa parte, exige que nos coloquemos a caminho, exige que saiamos de nós e, como Maria e José, caminhemos até à Galileia dos nossos corações em busca do melhor lugar para renascer junto com Jesus. Pois Jesus está vivo e vem até nós.

Tal como Maria temos muitos medos, inquietudes e receios. Mas, inspirando-nos no seu exemplo, dizemos o nosso sim em cada dia. Maria, ao aceitar ser mãe, renunciou a tudo o que tinha planeado para cumprir a vontade de Deus para si. Apesar de não estar nos planos de Maria ser a escolhida de Deus para ser mãe de Jesus, ela aceitou. Como Maria entregamos a nossa vida nas mãos de Deus.

São José inspira-nos a acolher o projeto que Deus tem para nós apesar das dificuldades e desafios. Para São José não foi fácil compreender que Maria estava grávida do filho de Deus. Até pensou em deixá-la secretamente mas quando o anjo lhe falou ele entregou-se completamente.

A família de Nazaré ensina-nos a viver em comunidade. Maria e José, como comunidade, souberam viver a encarnação de Deus nas suas vidas. Não é fácil seguir a vontade de Deus em comunidade mas Eles compreenderam que, quando Deus nos chama tocando o nosso coração, a nossa vida nunca mais vai ser a mesma. O nosso sim abre portas a muitas outras maravilhas, não só nas nossas vidas, mas também nas vidas das outras pessoas. Eles encontravam na oração a coragem que necessitavam para levar a missão de forma alegre e confiante. Nos momentos de oração abrimos as portas do nosso coração e de nossa casa para que Deus venha e diariamente nos diga qual é o caminho a seguir. A oração é a base da comunidade é através dela que consagramos todas as nossas vidas ao Senhor.

 

Vivamos este natal, lembremo-nos que, tal como diz José Tolentino Mendonça, “o presépio somos nós, é dentro de nós que Jesus nasce”. Preparemos o nosso coração e as nossas vidas para ser a casa onde Jesus se prepara para renascer.

 

LMC's Neuza e Paula

Estar aqui. Com eles e entre eles!

22790782_10215031450241977_2067650889_o.jpgEstamos num dos lugares mais bonitos do mundo. Apenas deveremos acrescentar que neste lugar, algures, perdido entre os vulcões Chachani e Misti, vive um povo, um povo humilde no qual fazemos morada agora.

Ao longo da nossa ainda precoce caminhada, são já muitos os rostos que ficaram cravados em nós. Talvez porque a desumanidade se faz presente de uma forma tão evidente que em última das hipóteses leva à morte. São já muitas as histórias de violência que nos foram contadas não apenas através de palavras, mas através do testemunho vivo de quem diariamente luta pela esperança da mudança. Ou não seja este país, Peru, o país onde os níveis de machismo são dos mais elevados de mundo. Neste testemunho de Manu Tessinari, podemos conhecer de uma forma mais profunda esta realidade:

 

“Peru é um país machista. Muito machista.

No Peru, uma adolescente pode ser espancada pelo pai se flagrada tendo sexo com o namorado. Aqui, a mulher que está em cárcere não tem direito a visitas conjugais. No sistema público de saúde, é proibido a entrega gratuita da pílula do dia seguinte para pacientes vítimas de estupro.

22641683_1205471326251727_267057887_o.jpgAlgo mais absurdo? No Peru, se a mulher é largada pelo marido e não se divorciam, o homem pode refazer a vida e registrar todos os filhos da nova companheira. A mulher não. A lei indica que o filho desta mulher é legalmente do ex-marido (protegido pelo vinculo do matrimonio) e para que o pai biológico consiga registá-lo, é necessário um longo e complexo processo legal.

De 10 mulheres peruanas, 6 são vítimas de violência psicológica e 2 são vítimas de violência física por parte de seu companheiro. 16% das pessoas (homens e mulheres) acham que a culpa é da própria mulher, sendo que 3,7% acham que elas MERECEM ser golpeadas e 3,8% NÃO vêem problemas em o homem forçar relações com suas parceiras.

As peruanas são trabalhadoras. Segundo o INEI (Instituto Nacional de Estatísticas e Informação), 95,4% das peruanas trabalham, a maioria em serviços. Em média, uma peruana ganha UM TERÇO A MENOS do que um peruano ganho, fazendo o mesmo serviço. Infelizmente, somente 36% das mulheres conseguem terminar a escola e pouco mais de 16% conseguem concluir uma faculdade. Isto num país onde as mulheres são 15.800.000, ou seja, 49,9% da população”.

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As vidas de quem nos passa pela porta, não nos ficam indiferentes, e ainda que a realidade seja esta, levamos-lhe a alegria de um Evangelho que não é apenas nosso, um Evangelho que necessita ardentemente de ser levado ao mundo, levado aos confins da periferia.

 

Não tenhais medo de sair e ir ao encontro destas pessoas, de tais situações. Não vos deixeis bloquear por preconceitos, por hábitos, por inflexibilidades mentais ou pastorais, pelo famoso «sempre fizemos assim!». Mas só podemos ir às periferias, se tivermos a Palavra de Deus no nosso coração e se caminharmos com a Igreja, como fez são Francisco. Caso contrário, estamos a anunciar a nós mesmos, e não a Palavra de Deus, e isto não é bom, não beneficia ninguém! Não somos nós que salvamos o mundo: é precisamente o Senhor que o salva!

- Papa Francisco -

 

É aqui que nos sentimos chamadas a habitar entre eles e com eles. É aqui que deixamos de ser nós para ser, instrumentos vivos ao serviço de Jesus Cristo no Peru.

 

 

Comunidade Ayllu,

Neuza y Paula

A nossa casa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Chegar à missão é chegar a casa. Não a que nos viu crescer, outra que agora nos acolhe, onde agora dormimos, crescemos e amamos. Chegar à missão é chegar ao povo. Não o que nos viu nascer, outro que nos recebe de braços abertos como se fossemos filhas que tornaram a casa. Chegar à missão é abraçar outro povo. Não aquele que nos viu nascer mas aquele que de braços abertos se predispõe a crescer connosco. Cada pessoa é mundo e tem mundo para nos contar. Em cada pessoa encontramos Deus e é esse Deus e esse mundo que hoje pretendemos mostrar-vos. É nesta paisagem que todos os dias acordamos na confiança e adormecemos no agradecimento. Nesta missão que não é só nossa mas de todos, queremos que percorram cada dia e cada história connosco.

 

LMC's Paula e Neuza

Um projeto solidário Missionário - o projeto Ayllu.

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O Projeto Ayllu é um projeto solidário em decurso na cidade de Arequipa, no Perú, em desenvolvimento pelos Leigos Missionários Combonianos. Porquê AylluAyllu, significa Comunidade e Família em língua quechu (quíchua, também conhecido como quechua ou quéchua, é uma língua indígena falada por alguns povos da América do Sul). Este é, então, um projeto voltado para o amadurecimento comunitário, incluindo as comunidades recém formadas nos setores locais mais remotos, e para as famílias, não só no sentido de diminuir a sua probreza material e espiritual, mas também no sentido de formarem comunidades entre si, propondo a existência de uma família fraterna em vez de famílias isoladas. Por isso, é um projeto de desenvolvimento e promoção social e paroquial.

Mas porquê um projeto em Arequipa? Que necessidades existem localmente? Como atuam os Missionários Combonianos? 

 

A realidade do Perú e de Arequipa.

O Peru, apesar dos índices macroeconómicos positivos que tem vindo a apresentar, mantém uma taxa de pobreza de cerca de 30% da população. Como em toda a América Latina, a desigualdade é enorme. Junto das zonas selvagens e das montanhas, as periferias urbanas são o culminar desta desigualdade. O Peru também se destaca pelos seus conflitos socio-políticos. Os anos de terrorismo e paramilitares deixaram 70 000 mortos, na sua maioria civis. O que originou um país com défice de líderes e sem qualquer tipo de associações. Atualmente ainda se desconfia do ativismo social, por tanto os protestos das populações podem terminar em conflitos com a polícia. A vulnerabilidade relativamente a terramotos e inundações acaba por completar este panorama do país.

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A cidade de Arequipa está localizada na região sul peruana, numa zona de serra, a uma altitude de 2300 metros. Atualmente tem mais de um milhão de habitantes. Na sua parte norte encontra-se o distrito de Alto Selva Alegre e, num dos seus extremos, nas encostas do vulcão Misti e a mais de 2500 metros de altitude encontra-se o bairro de Villa Ecológica. Tem cerca de 2.5 km2 de extensão e a sua população atual supera os 6 000 habitantes. Trata-se de uma zona recentemente habitada, que teve início no ano 2000. Atualmente, o bairro está a crescer em extensão e população.

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O terreno é muito acidentado, com presença de barrancos e ravinas. As rochas vulcânicas são predominantes que, em muitas ocasiões transformam-se em areia e poeiras devido à exposição aos ventos, à escassa vegetação e à grande diferença térmica entre o dia e a noite.

O clima é temperado todo o ano e existem fortes ventos nos meses de Maio a Setembro. A maior precipitação ocorre nos meses de Janeiro e Fevereiro podendo ser abundante. Isto favorece ainda mais a erosão devido às correntes de água que se formam. A radiação solar é muito forte, o que provoca muitas doenças oculares e de pele.

No aspeto demográfico, a população é composta por famílias, 80% com escassos recursos e 20% em situação de extrema pobreza. O crescimento populacional é de cerca de 2.7% anual e o número médio de filhos por família são de 4,3. Existe um alto índice de fecundidade, especialmente de mulheres jovens, que acostumam formar famílias monoparentais. A população infantil apresenta um elevado índice de desnutrição. O bairro recebeu um importante fluxo migratório especialmente das províncias altas de Arequipa e dos departamentos (estrutura administrativa local) vizinhos de Puno e Cuzco, que conta com um importante componente indígena de língua quéchua.

O Bairro Villa Ecológica, pela sua localização, é o destino final de muitas pessoas pobres, que formam famílias reconstruídas, jovens casais que fugiram de suas casas, ou que por gravidez precoce se vêm obrigados a constituir uma nova família. Também se instalam aqui pessoas dos Andes com muitos problemas económicos e sociais. E por vezes pessoas que têm problemas com a lei.

Não existem alternativas de diversão ou educação promovidas pelo estado, não há controlo sobre os meios de comunicação, não existe proibição de bebidas alcoólicas a menores, e não existem agentes da polícia para controlarem os pequenos traficantes de droga locais, apesar de serem bem conhecidos e identificados pela maioria da comunidade.

 

 A chegada dos Missionários Combonianos a Arequipa

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Os Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ) trabalham há mais de 30 anos em Arequipa, sempre no distrito de Alto Selva Alegre. A presença Alemã foi e continua a ser importante. Na sua chegada, o bairro tinha carência de todos os serviços básicos (água, luz, saúde, educação) pois era uma zona recentemente habitada. Os MCCJ colaboraram na gestão administrativa para conseguir o acesso à água potável e apoiaram economicamente a criação de uma escola primária, um centro de saúde e um curso de capacitação para jovens. Quando o bem-estar desta zona se foi consolidando, assumiram a paróquia do Bom pastor, num povoado jovem e periférico de Independência, e cederam as anteriores estruturas a associações locais.

Atualmente a paróquia tem dois infantários que apoiam mais de duzentas crianças, dos 1 aos 5 anos, de famílias mais humildes, cinco refeitórios populares que servem mais de quatrocentos menores e idosos e um centro de saúde de consultas gerais, pediatria e consultório com psicólogo. Outro posto médico abriu recentemente no próprio bairro de Villa Ecológica, no entanto o seu funcionamento ainda não é regular.

 

O Projeto Ayllu como caminho de desenvolvimento promoção social

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Muito trabalho já se realizou até agora!! Contando já com 17 anos de presença na paróquia do Bom Pastor e criação do infantário São Daniel Comboni, os Missionários Combonianos têm apostado muito na infância para, acompanhar o povo no seu crescimento com vista no futuro. A paróquia tem estado presente na vida concreta de muitas famílias, apoiando espiritualmente e materialmente. Tem-se vindo a criar povo onde haviam famílias isoladas. Existe um novo posto médico paroquial na Villa Ecológica, que queremos que seja missionária: aberta especialmente aos mais necessitados. Esta identidade missionária foi reforçada no infantário São Daniel Comboni quando a população do bairro cresceu e ao ir de casa em casa, comprovou-se que era desconhecido para a população mais afastada. No primeiro ano de funcionamento deste posto as pessoas não acediam aos seus serviços por desconhecimento da sua existência ou por dificuldades económicas. 

Nesta nova etapa de amadurecimento comunitário, marcado também pelo aparecimento de novas comunidades nos setores mais remotos, a paróquia precisa fortalecer líderes que garantam a continuidade dos trabalhos e aprofundem a presença fraterna.

Deus tem suscitado líderes naturais na comunidade. Na sua maioria, mulheres com capacidades de liderança. A paróquia é chamada a detetá-las, potenciá-las e fortalecê-las para que reconheçam a sua vocação como enviadas pelo Pai para a comunidade.

Este trabalho requer paciência, tempo, desgaste subindo e descendo colinas e, na medida do possível, não devemos confiá-lo à boa vontade das pessoas, mas sim incumbi-o a pessoas capacitadas e que sejam reconhecidas como um pilar que oferece a base para um futuro mais fecundo da comunidade. A partir deste ano, enriquece-se com a presença de 2 leigas missionárias combonianas (LMC) portuguesas: a Paula e a Neuza.

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Que objetivos? Que atividades propomos para Arequipa?

O projeto têm como objetivo geral fortalecer a pastoral social em Villa EcológicaAmpliación e Canteras articulada com a pastoral paroquial do Bom Pastor.

 

Objetivos específicos

  • Promover a aproximação da população ao novo centro de saúde
  • Prevenir e acompanhar situações de violência familiar
  • Criar equipas de líderes na pastoral social, aproveitando as competências das líderes que já trabalham na paróquia.

Para cumprir estes objetivos, propomos o desenvolvimento das seguintes atividades:

 

1. Promover a aproximação da população ao novo centro de saúde:

  • Realizar uma campanha de divulgação do centro de saúde de Villa Ecológica junto dos lugares mais afastados de Villa EcológicaAmpliación e Canteras.
  • Criar uma equipa de promotoras de saúde para alargar a informação a todas as pessoas.
  • Coordenar com os responsáveis do centro de saúde, com a equipa de promotoras e com a assistente social todas as campanhas de saúde que realizarmos.

2. Prevenir e acompanhar situações de violência familiar:

  • Coordenar com o Centro de Emergência da Mulher e a Policia de Independência todas as atividades que realizarmos;
  • Criar uma equipa de facilitadoras contra a violência familiar;
  • Sensibilizar sobre a problemática da violência familiar;
  • Realizar o acompanhamento dos casos denunciados à Policia.

3. Criar equipas de líderes na pastoral social:

  • Curso de formação de líderes (saúde e prevenção da violência) coordenadas com as outras pastorais presentes na comunidade.

 

valor do projeto para dois anos é de 7000 € (sete mil euros) que corresponde a 26 530 PEN – Sol peruano (moeda do Peru).

Sabia que pode colaborar connosco? Saiba como aqui

Oferta de Donativos para o Projeto Ayllu

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"A missão faz-se:

com os joelhos dos que rezam,

com as mãos dos que partilham

e com os pés dos que partem."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Contactos para todas as informações:

Leigos Missionários Combonianos

Sandra Fagundes

Telemóvel: 966592658

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Na Loja online do facebook dos LMC temos à venda vários artigos que pode adquirir, referindo que pretende que o valor reverta a favor do Projeto Ayllu.